Na coluna de hoje você confere uma entrevista com a nutricionista Lígia Oliveira (ligianutrifuncional@gmail.com) sobre um vilão da dieta de muitos brasileiros: o refrigerante. A especialista em nutrição funcional clínica e esportiva fala a respeito dos males que a bebida pode causar e alternativas para escapar do que muitos consideram ser uma tentação.

O que os refrigerantes podem causar à saúde? E quais são os seus ingredientes conhecidos?

Os refrigerantes podem causar a perda geral de nutrientes e minerais, como o cálcio. Eles são uma bebida altamente adoçada. Em geral, possuem 9 colheres de chá de açúcar por copo. Nos primeiros 10 minutos, quando se coloca um refrigerante na boca, o certo seria você vomitar, de tanto açúcar. Só que o acidulante faz com que você não tenha essa náusea, e aí você tem um pico de insulina.

As bebidas à base de cola têm cafeína e usam o ácido fosfórico como acidulante, que serve para o organismo não sentir tanto esse doce. Esse ácido fosfórico causa muitos danos principalmente à saúde óssea, o que pode levar à osteoporose. O refrigerante também pode causar hipertensão arterial, porque contém uma dose de sódio (sal) muito alta. Pode ainda provocar cáries, diabetes e aumento de triglicérides sanguíneos.

Além disso, os refrigerantes contêm muitos corantes, substâncias que o organismo não reconhece como próprias, são estranhas a ele. Então o corpo precisa acionar o sistema imunológico (seu mecanismo de defesa) para a sua proteção. São os corantes que dão cor ao refrigerante. Nos refrigerantes de frutas, como de laranja e uva, a quantidade de corantes e conservantes é muito grande. Inclusive os da cor uva mancham muito os dentes das crianças.

A minha maior preocupação é o aumento do número de ocorrências de câncer e problemas de saúde em pessoas novas, devido à industrialização dos produtos e uso excessivo dos refrigerantes. Existem em alguns refrigerantes uma substância chamada benzeno, que é considerada cancerígena. Um estudo feito pela ProTeste com 24 refrigerantes encontrou benzeno em sete deles. Em dois deles, a quantidade de benzeno estava acima da permitida. (Leia matéria relacionada aqui).

Vale a pena tomar refrigerante diet, em comparação com o comum?

Não vale a pena. O grande problema do adoçante é que ele é mais um produto químico que você coloca no organismo. O adoçante do refrigerante geralmente é o aspartame, ciclamato de sódio e sacarina sódica, e existem muitos estudos relacionando-os a várias doenças. O consumo regular do refrigerante diet leva a uma diminuição da função renal, aumenta a vontade de comer doce e favorece assim a  obesidade, altera a formação óssea e dos dentes, além de aumentar a liberação de insulina pelo pâncreas. Os adoçantes em geral têm poder de adoçar 300, 400 vezes mais que o açúcar, dependendo do tipo. Quando você coloca o adoçante na língua, o seu cérebro entende que está chegando 300, 400 vezes a quantidade de açúcar para ele e aumenta a absorção de glicose. Esta é um dos causas do aumento da vontade de comer doce. Porque como o açúcar não chega, o cérebro fica pedindo o açúcar.

O que é pior no refrigerante? Existe algum benefício?

Não tem benefícios, nem mesmo a hidratação. Eu costumo falar que o mais grave de tudo é o PH do refrigerante, que é extremamente ácido, na faixa de 3,5 até 4,5. O PH do sangue deve ficar por volta de 7, que é o ph neutro. Para cada copo de refrigerante, você tem que tomar 32 copos de água boa para regular o PH do sangue, ou seja, para ele voltar para a normalidade.  É o ácido fosfórico que causa essa acidificação do refrigerante. Sempre temos oscilações de PH devido à ingestão dos alimentos, mas quando você não consegue regulá-lo, podem aparecer as doenças.

O que tomar como opção ao refrigerante?

Água, de 1,5 a 2 litros ao longo do dia. Sucos integrais sem coar, em lanches intermediários. Quanto mais natural for o suco, melhor. Também podemos acrescentar farelos a esses sucos, como a quinoa e a linhaça.

Água de coco é uma excelente forma de hidratar, um por dia, exceto para pessoas com restrições. Não gosto de trabalhar com produtos industrializados. A minha sugestão, no caso do coco, é ir até o sacolão e encher uma garrafa de vidro com água de coco, que pode ser conservada por 3 a 4 dias na geladeira. É um pouco mais trabalhoso, mas você terá uma bebida realmente natural.

Outra coisa interessante de fazer é o cubo verde para colocar nos sucos, o que agrega valor nutricional às bebidas,  com várias vitaminas e minerais importantes. É um cubo feito com folhas verde-escuras, tais como folhas de couve, agrião, brócolis, etc. Após higienizar as folhas, é só batê-las no liquidificador com um pouco de água, fazer um purê de folhas e congelar na fôrma de gelo. Todo dia, é só bater um cubo verde com o suco de polpa, por exemplo. É uma coisa simples, mas que é um carinho grande para o organismo.

Outra bebida interessante são os sucos integrais orgânicos, como os de uva, que são fontes de flavonóides, antioxidantes naturais que melhoram a parte circulatória e diminuem o risco de doenças cardiovasculares.

O ideal é procurar um nutricionista ou médico para saber o que é mais recomendado, do ponto de vista nutricional, para cada pessoa.

Dicas da nutricionista:

• Diminuir o consumo de refrigerante é uma forma de reduzir os danos;
• Quanto mais simples e natural o alimento, mais nutritivo é;
• O que encarece as compras geralmente são os produtos industrializados;
• No sacolão, compre os produtos da época, que são os mais baratos e podem ter menos agrotóxicos do que os alimentos fora da safra;
• Dê preferência aos alimentos orgânicos, sempre que possível;
• Diet é um produto que não possui 100% de algum nutriente em relação ao produto comum. Light é um produto que tem diminuição de pelo menos 25% de algum nutriente, em relação ao produto normal. Geralmente, o refrigerante light é diet, por uma questão comercial;
• Experimente fazer o cubo verde para agregar valor nutricional aos sucos;
• Tome água de coco natural.

Vale a pena conferir!!!

O documentário Muito Além do Peso retrata o drama que já atinge 33% das crianças brasileiras, de acordo com dados do IBGE: a obesidade. A equipe do longa viajou para as cinco regiões brasileiras e conversou com dezenas de especialistas nacionais e internacionais para entender melhor o problema.

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